Jorge Luiz Borges - O Livro
Aula proferida na Universidade de Belgrano 1978
Traduzido de "Obras Completas IV" - Borges Oral - EMECE |

Platão ( 428/427 - 348/347 A. C.).
É o segundo dos três filósofos gregos (junto com Sócrates e Aristóteles) que estabeleceram as bases da filosofia grega e da nossa cultura. Sob qualquer critério é um dos mais brilhates escritores. Desenvolveu um referencial amplo e ao mesmo tempo profundo da filosofia. Seu pensamento envolve os aspectos da lógica, do conhecimento e da metafísica, porém seu motivação principal reside na ética. Embora utilize-se de mitos e figuras do discurso, fundalmentante é um pensador preocupado em mostrar que o homem deve obedecer à razão. O núcleo da filosofia de Platão baseia-se no conceito das Idéias eternas e na ética da razão. Para expor suas idéias utiliza-se do diálogo, como no Teatro, nos quais as idéias contrárias são colocadas em busca de uma síntese. Platão não expõe ou refuta um argumento. Porém aos interlocutores dos diálogos, na maioria das vêzes orientados por Sócrates, vão expondo os pontos de vista contraditórios. Embora Sócrates seja personagem central em alguns diálogos (Fédon, Critias, Timeu), e às vezes Platão atribui à Socrátes algumas de suas idéias, Platão é mais amplo que o pensamento de Sócrates. A forma de diálogo permite ao autor dissimular o que realmente pensa além de enredar o leitor em uma série de desafios e mistérios. Platão não acredita que que leitura por si só bastava ao ensino da filosofia. Em Fedro (274e-276d) Sócrates avisa aos leitores que os escritos são ferramentas para a memória dos leitores. Somente durante um diálogo ao vivo o mestre poderia mostrar todas os diferentes argumentos ao aluno. Na República (Livro X) Platão não recomenda a Poesia como ferramenta de ensino dos cidadãos. A poesia seria uma coisa tão prazeirosa que desviaria a atenção dos jovens dos problemas da sociedade e da filosofia. Além disto, decorar poesias, como toda memorização, é um ato que inibe o pensar em abstrato.
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