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​Umberto Eco 

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A Construção do Leitor 

Ritmo, respiração e sacrifício... Para quem, para mim?
Não, claro, é para você leitor.
         Escreve-se pensando em um leitor, assim como o pintor pinta pensando no observador. Depois de uma pincelada, recua dois ou três passos e estuda o efeito: isto é, olha o quadro como deveria  olhá-lo o espectador, ao admirá-lo pendurado na parede, em condições de luz adequada.           Quando a obra está terminada, instaura-se um diálogo entre o texto e os seus leitores (o autor fica excluído). Enquanto a obra está sendo feita, o diálogo é duplo. Há o diálogo entre o texto e todos os outros textos escritos antes (só se fazem livros sobre outros livros e em torno de outros livros) e há o diálogo entre o autor e seu leitor modelo. Já teorizei sobre isso em outras obras como o papel do leitor ou mesmo antes em Obra Aberta, e não sou eu o inventor da ideia.                Pode acontecer que o autor escreva pensando em determinado público empírico, como faziam os fundadores do romance moderno, Richardson ou Fielding ou Defoe, que escreviam para os  mercadores e suas mulheres, mas Joyce também escreve para o público, pensando em um leitor  ideal acometido de uma insônia ideal. Em ambos os casos, quer se pretenda falar para um público que está ali fora da porta, com o dinheiro na mão, quer se pretenda escrever para um leitor futuro, escrever é construir, através do texto, um modelo específico de leitor.

            Que significa pensar num leitor capaz de superar o obstáculo penitencial das primeiras cem páginas? Significa exatamente escrever cem páginas com o objetivo de construir um leitor adequado para as páginas seguintes. Existe um escritor que escreva somente para a posteridade? Não, nem mesmo quando ele afirma isso, porque, como não é Nostradamus, só pode imaginar os pósteros segundo o modelo de seus contemporâneos.
           Existe um autor que escreva para poucos leitores? Existe, se entendermos por isso que o Leitor Modelo que ele imagina tem poucas possibilidades, segundo suas previsões, de ser personificado pela maioria. Mas mesmo neste caso o escritor escreve com a esperança, não muito secreta, de que justamente o seu livro crie, em grande número, com muitos representantes desse novo leitor desejado e procurado com tanta pertinácia, postulado e encorajado pelo seu texto.
A diferença, se existir, é entre o texto que quer produzir um leitor novo e o texto que procura ir ao encontro dos desejos dos leitores tais como eles são. Neste segundo caso temos o livro escrito, construído segundo um formulário feito para produtos em série, o autor faz uma espécie de análise de mercado e se adapta a ele. Vê-se de longe que ele trabalha com fórmulas, basta analisar os vários romances que escreveu e observar que em todos, mudando os nomes, os lugares e as fisionomias, conta sempre a mesma história. Aquela que o público já pedia. Quando o escritor planeja o novo, e projeta um leitor diferente, não quer ser um analista de mercado que faz a lista dos pedidos expressos. Quer revelar o leitor a si próprio.
           Se Manzoni tivesse de atender ao que o público pedia, ele tinha a fórmula, o romance histórico de ambientação medieval, com personagens ilustres, como na tragédia grega, reis e princesas (e não é isso que ele faz em Adelchi?), grandes e nobres paixões, façanhas guerreiras e celebração das glórias itálicas numa época em que a Itália era a terra dos fortes. 
Em vez disso, o que faz Manzoni? Escolhe o século XVII, época de escravidão, e personagens ignóbeis, onde o único espadachim é um traidor, e não fala de batalhas e tem a coragem de sobrecarregar a história com documentos e editais... E todos, todos gostam, cultos e incultos, adultos e crianças, beatos e anticlericais. Porque ele teve a intuição de que os leitores de seu tempo deviam ter aquilo, mesmo que não soubessem, mesmo que não pedissem, mesmo que não acreditassem que aquilo fosse legível. E como ele trabalha, de lima, serrote e martelo, e depura sua língua, para tornar saboroso o seu produto, para obrigar os leitores empíricos a se transformarem no leitor modelo que tinha em mente.
       Manzoni não escrevia para agradar ao público tal como era, mas para criar um público ao qual o seu romance não podia deixar de agradar. E tanto pior se não agradasse, basta ver com que serenidade fala de seus vinte e cinco leitores. Vinte e cinco milhões queria ele.
              Que leitor modelo eu queria, quando estava escrevendo? Um cúmplice, claro, que entrasse no meu jogo. Eu queria tornar-me completamente medieval e viver na Idade Média como se esta fosse minha época (e vice-versa). Mas ao mesmo tempo eu queria, com todas as minhas forças, que se desenhasse uma figura de leitor que, superada a iniciação, se tornasse meu prisioneiro, ou melhor, prisioneiro do texto e pensasse não querer nada mais do que aquilo que o texto lhe oferecia. Um texto quer ser uma experiência de transformação para o próprio leitor.
             Você acha que quer sexo, e intrigas policiais em que no fim se descobre o culpado, e muita ação, mas ao mesmo tempo você se envergonha de aceitar uma venerável pacotilha, com mãos de mulher morta e ferreiros assassinos. Pois bem, eu vou lhe dar latim, poucas mulheres, teologia aos montes e sangue aos litros, de forma que você diga "mas isso é falso, não aceito!" E a essa altura você já será meu, e experimentará o calafrio da infinita onipotência de Deus, que desfaz a ordem do mundo. E depois, se você for honesto, perceberá a maneira como o atrai para a armadilha, porque, afinal, eu lhe dizia isso a cada passo, advertia-o claramente de que o estava arrastando para a danação, mas o interessante nos pactos com o diabo é que são firmados sabendo-se muito bem com quem se está tratando. Do contrário, por que ser premiado com o inferno? E como eu queria que fosse considerada agradável a única coisa que faz alguém tremer, isto é, o calafrio metafísico, só me restava escolher (entre os modelos de trama) a mais metafísica e filosófica, o romance policial.

Extraído de : Pós-Escrito ao "O nome da rosa" , traduzido do original Postille a "Il nome della Rosa" por Letizia Z. Antunes e Álvaro Loerencini. Ed. Nova Fronteira, 1985


Dolenti declinare  (rapporti di lettura all’editore) 
Diário Mínimo - 1973

Anonimi. La Bibbia
 Devo dire che quando ho cominciato a leggere il manoscritto, e per le prime centinaia di pagine, ne ero entusiasta. È tutto azione e c’è tutto quel che il lettore oggi chiede a un libro di evasione: sesso (moltissimo), con adulteri, sodomia, omicidi, incesti, guerre, massacri, e così via. L’episodio di Sodoma e Gomorra con i travestiti che vogliono farsi i due angeli è rabelasiano, le storie di Noè sono del puro Salgari, la fuga dall’Egitto è una storia che andrà a finire presto o tardi sugli schermi... Insomma, il vero romanzo fiume, ben costruito, che non risparmia i colpi di scena, pieno di immaginazione, con quel tanto di messianismo che piace, senza dare nel tragico. Poi andando avanti mi sono accorto che si tratta invece di una antologia di vari autori, con molti, troppi, brani di poesia, alcuni francamente lamentevoli e noiosi, vere e proprie geremiadi senza capo né coda. Ne viene fuori così un omnibus mostruoso, che rischia di non piacere a nessuno perché c’è di tutto. E poi sarà una grana reperire tutti i diritti dei vari autori, a meno che il curatore non tratti lui per tutti. Ma di questo curatore non trovo mai il nome, nemmeno nell’indice, come se ci fosse ritegno a nominarlo. Io direi di trattare per vedere se si può pubblicare a parte i primi cinque libri. Allora andiamo sul sicuro. Con un titolo come I disperati del Mar Rosso. 

Omero. Odissea
 A me personalmente il libro piace. La storia è bella, appassionante, piena di avventure. C’è quel tanto di amore che basta, la fedeltà coniugale e le scappatelle adulterine (buona la figura di Calipso, una vera divoratrice d’uomini), c’è persino il momento “lolitistico” con la ragazzina Nausicaa, in cui l’autore dice e non dice, ma tutto sommato eccita. Ci sono colpi di scena, giganti monocoli, cannibali, e persino un po’ di droga, abbastanza per non incorrere nei rigori della legge, perché a quanto ne so il loto non è proibito dal Narcotics Bureau. Le scene finali sono della migliore tradizione western, la scazzottatura è robusta, la scena dell’arco è tenuta da maestro sul filo della suspense. Che dire? si legge di un fiato meglio del primo libro dello stesso autore, troppo statico col suo insistere sull’unità di luogo, noioso per eccesso di avvenimenti – perché alla terza battaglia e al decimo duello il lettore ha già capito il meccanismo. E poi abbiamo visto che la storia di Achille e Patroclo, con quel filo di omosessualità nemmeno troppo latente, ci ha dato grane col pretore di Lodi. In questo secondo libro invece no, tutto marcia che è una meraviglia, persino il tono è più calmo, pensato se non pensoso. E poi il montaggio, il gioco dei flash back, le storie ad incastro... Insomma, alta scuola, questo Omero è veramente molto bravo. Troppo bravo direi... Mi chiedo se sia tutta farina del suo sacco. Certo, certo, scrivendo si migliora (e chissà che il terzo libro non sia addirittura una cannonata), ma quello che mi insospettisce – e in ogni caso mi induce a dare parere negativo – è il caos che ne conseguirà sul piano dei diritti. Ne ho parlato con Eric Linder e ho capito che non ne usciremo facilmente. Anzitutto, l’autore non si trova più. Chi lo aveva conosciuto dice che in ogni caso era una fatica discutere con lui sulle piccole modifiche da apportare al testo, perché è orbo come una talpa, non segue il manoscritto, e dava persino l’impressione di non conoscerlo bene. Citava a memoria, non era sicuro di avere scritto proprio così, dice che la copista aveva interpolato. Lo aveva scritto lui o era solo un prestanome? Sin qui niente di male, l’editing è diventato un’arte e molti libri confezionati direttamente in redazione o scritti a più mani (vedi Fruttero e Lucentini) diventano ottimi affari editoriali. Ma per questo secondo libro le ambiguità sono troppe. Linder dice che i diritti non sono di Omero perché bisogna sentire anche certi aedi eolici che avrebbero una percentuale su alcune parti. Secondo un agente letterario di Chio, i diritti andrebbero
a dei rapsodi locali, che praticamente avrebbero fatto un lavoro da “negri”, ma non si sa se abbiano registrato il loro lavoro presso la locale società autori. Un agente di Smirne invece dice che i diritti vanno tutti a Omero, tranne che è morto e quindi la città ha diritto a incamerare i proventi. Ma non è la sola città ad avanzare queste pretese. L’impossibilità di stabilire se e quando il nostro uomo sia morto, impedisce di avvalersi della legge del ’43 sulle opere pubblicate dopo cinquant’anni dalla morte dell’autore. Ora si fa vivo un tale Callino che pretende di detenere tutti i diritti ma vuole che con l’Odissea si comprino anche La Tebaide, Gli Epigoni e Le Ciprie: e a parte che non valgono gran che, molti dicono che non sono affatto di Omero. E poi, in che collana li mettiamo? Questa gente ormai tira al soldo e ci specula. Ho provato a chiedere una prefazione ad Aristarco di Samotracia, che ha autorità e ci sa anche fare, perché mettesse a posto le cose, ma è peggio che andar di notte: lui vuole addirittura stabilire, all’interno del libro, cosa sia autentico e cosa no, così facciamo l’edizione critica, e ti saluto la tiratura popolare. Allora è meglio lasciare tutto a Ricciardi, che ci mette vent’anni e poi fa una cosina da dodicimila lire e la manda omaggio ai direttori di banca. Insomma, se ci buttiamo nell’avventura entriamo in un ginepraio giuridico che non ne usciamo più, il libro va sotto sequestro ma non è uno di quei sequestri sessuali che poi fanno vendere sottobanco, è sequestro puro e semplice. Magari tra dieci anni te lo compra Mondadori per gli Oscar, ma per intanto i soldi li hai spesi e non sono tornati a casa subito. Mi spiace molto, perché il libro merita. Ma non possiamo metterci a fare anche i poliziotti. Io quindi lascerei perdere.

 Alighieri Dante. Divina Commedia
 Il lavoro dell’Alighieri, pur essendo di un tipico autore della domenica, che nella vita corporativa è associato all’ordine dei farmacisti, dimostra indubbiamente un certo talento tecnico e un notevole “fiato” narrativo. Il lavoro – in volgare fiorentino – si compone di circa cento cantiche in terza rima e in non pochi passi si fa leggere con interesse. Particolarmente gustose mi paiono le descrizioni di astronomia e certi concisi e pregnanti giudizi teologici. Più leggibile e popolare la terza parte del libro, che tocca argomenti più vicini al gusto dei più, e concerne interessi quotidiani di un possibile lettore, quali la Salvezza, la Visione Beatifica, le preghiere alla Vergine. Oscura e velleitaria la prima parte, con inserzioni di basso erotismo, truculenze e veri e propri brani scurrili. Questa è una delle non poche controindicazioni, perché mi domando come il lettore potrà superare questa prima “cantica” che, quanto a invenzione, non dice più di quanto non abbia già detto una serie di manuali sull’oltretomba, di trattatelli morali sul peccato, o la Leggenda aurea di fra Jacopo da Varagine. Ma la controindicazione maggiore è la scelta, dettata da confuse velleità avanguardistiche, del dialetto toscano. Che il latino corrente vada innovato è ormai richiesta generale e non solo dei gruppuscoli di avanguardia letteraria, ma c’è un limite, se non nelle leggi del linguaggio, almeno nelle capacità di accettazione del pubblico. Abbiamo visto cosa è successo con l’operazione dei cosiddetti “poeti siciliani” che il loro editore doveva distribuire girando in bicicletta per le varie librerie, e che sono finiti poi ai remainders. D’altra parte se si comincia a pubblicare un poema in toscano, poi bisognerà pubblicarne uno in ferrarese e l’altro in friulano, e così via, se si vuole controllare tutto il mercato. Sono imprese da plaquette di avanguardia, ma non ci si può buttare per un libro monstre come questo. Personalmente non ho nulla contro la rima, ma la metrica quantitativa è ancora la più popolare presso i lettori di poesia, e mi chiedo come un lettore normale possa sorbirsi questa sequela di terzine traendone diletto, specie se sia nato, poniamo, a Milano o a Venezia. Quindi, è ancora più oculato pensare a una buona collana popolare che riproponga a prezzi modici la Mosella di Decimo Magno Ausonio e il Canto delle scolte modenesi. Lasciamo alle rivistuole d’avanguardia le edizioni numerate della Carta Capuana: “sao ko kelle terre...” Bella roba, l’impasto linguistico dei supermodernisti.

 Tasso Torquato. La Gerusalemme liberata 

Come poema cavalleresco “alla moderna” non c’è male. È scritto con garbo e le vicende sono abbastanza inedite; era ora di smetterla con i rifacimenti del ciclo bretone o carolingio.
carolingio. Ma parliamoci chiaro: la storia riguarda i crociati e la presa di Gerusalemme, l’argomento è quindi di carattere religioso. Non possiamo pretendere di vendere il libro ai giovani extraparlamentari, e semmai si tratterà di farne fare buone recensioni su “La Famiglia cristiana” o su “Gente”. A questo punto mi chiedo come verranno accolte certe scene erotiche un po’ troppo lascive. Il mio parere è pertanto “sì” purché l’autore riveda il testo e ne faccia un poema leggibile anche alle monache. Gli ho già parlato in merito e non mi pare del tutto contrario all’idea di una opportuna riscrittura. Diderot Denis. I gioielli indiscreti e La monaca Confesso che non ho neppure aperto i due manoscritti, ma credo che un critico debba anche sapere a colpo sicuro cosa leggere e cosa non leggere. Questo Diderot lo conosco, è uno che fa enciclopedie (una volta ha corretto bozze anche da noi) e adesso ha per le mani una barba di opera in non so quanti volumi che probabilmente non uscirà mai. Va in giro a cercare disegnatori che siano capaci di copiare l’interno di un orologio o i peluzzi di una tappezzeria Gobelin e farà andare in malora il suo editore. È un posapiano dell’ostrega e non credo proprio che sia l’uomo adatto a scrivere qualcosa di divertente in narrativa, specie per una collana come la nostra dove abbiamo sempre scelto delle cosine delicate, un po’ pruriginose, come il Restif de la Bretonne. Come si dice al mio paese, “ofelé fa el to mesté”. 

Sade D. A. François.  Justine 

Il manoscritto era in mezzo a tante altre cose che avevo da vedere in settimana e, per essere sincero, non l’ho letto tutto. Ho aperto a caso tre volte, in tre punti diversi, e voi sapete che per un occhio allenato questo basta già. Bene, la prima volta trovo una valanga di pagine di filosofia della natura, con disquisizioni sulla crudeltà della lotta per la vita, la riproduzione delle piante e l’avvicendarsi delle specie animali. La seconda volta almeno quindici pagine sul concetto di piacere, sui sensi e l’immaginazione e cose del genere. La terza volta altre venti pagine sui rapporti di sottomissione tra uomo e donna nei vari paesi del mondo... Mi sembra che basti. Non stavamo cercando un’opera di filosofia, il pubblico oggi vuole sesso, sesso e poi ancora sesso. E possibilmente in tutte le salse. La linea da seguire è quella intrapresa con Gli amori del cavaliere di Faublas. I libri di filosofia per piacere lasciamoli a Laterza. 

Cervantes Miguel. Don Chisciotte

 Il libro, non sempre leggibile, è la storia di un gentiluomo spagnolo e del suo servo che vanno per il mondo inseguendo fantasie cavalleresche. Questo Don Chisciotte è un po’ matto (la figura è a tutto tondo, il Cervantes sa certo raccontare) mentre il suo servo è un sempliciotto dotato di un certo rozzo buon senso, col quale il lettore non tarderà a identificarsi, e che cerca di smitizzare le credenze fantastiche del suo padrone. Sin qui la storia, che si snoda con qualche buon colpo di scena e non poche vicende succose e divertenti. Ma l’osservazione che vorrei fare trascende il giudizio personale sull’opera. Nella nostra fortunata collana economica “I fatti della vita” noi abbiamo pubblicato con notevole successo l’Amadigi di Gaula, La leggenda del Graal, Il romanzo di Tristano, Il lai dell’uccelletto, Il romanzo di Troia e l’Erec e Enide. Adesso abbiamo proprio in opzione quei Reali di Francia di quel giovanotto di Barberino che secondo me sarà il libro dell’anno e niente niente si prende il Campiello, perché piace alle giurie popolari. Ora se noi prendiamo il Cervantes, mettiamo in giro un libro che, per bello che sia, ci sputtana tutta l’editoria fatta sinora e fa passare quegli altri romanzi per fanfaluche da manicomio. Capisco la libertà di espressione, il clima di contestazione e quelle cose lì, ma non possiamo neppure tagliarci i cosiddetti. Tanto più che questo libro mi sa che è la tipica opera unica, l’autore è appena uscito di galera, è tutto malandato, non so più se gli han tagliato un braccio o una gamba, ma non ha proprio l’aria di voler scrivere altro. Non vorrei proprio che, per la corsa alla novità a tutti i costi, ci compromettiamo una linea editoriale che sinora è stata popolare, morale (diciamolo pure) e redditizia. Declinare.

 Manzoni Alessandro, I Promessi sposi

 Di questi tempi il romanzo fiume va per la maggiore, se diamo ascolto alle tirature. Ma c’è romanzo e romanzo. Se prendevamo Il Castello di Trezzo del Bazzoni o la Margherita Pusterla del Cantù a quest’ora sapevamo cosa mettere nei tascabili. Sono libri che si leggono e si leggeranno anche tra duecento anni, perché toccano da vicino il cuore del lettore, sono scritti in un linguaggio piano e avvincente, non mascherano le loro origini regionali, e parlano di argomenti contemporanei, o che i contemporanei sentono come tali, quali le lotte comunali o le discordie feudali. Invece il Manzoni anzitutto ambienta il suo romanzo nel Seicento, secolo che notoriamente non vende. In secondo luogo tenta una operazione linguistica discutibilissima, elaborando una sorta di milanese-fiorentino che non è né carne né pesce e che non consiglierei certo ai giovani come modello di composizioni scolastiche. Ma queste sono ancora pecche minori. Il fatto è che il nostro autore imbastisce una storia apparentemente popolare, a livello stilisticamente e narrativamente “basso”, di due fidanzati poveri che non riescono a sposarsi per le mene di non so qual signorotto locale; alla fine si sposano e tutti sono contenti. Un po’ poco per le seicento pagine che il lettore dovrebbe ingollarsi. In più, con l’aria di fare un discorso moralistico e untuoso sulla Provvidenza, il Manzoni ci somministra a ogni piè sospinto manate di pessimismo (giansenistico, siamo onesti) e in fin dei conti propone melanconiche riflessioni sulla debolezza umana e sui vizi nazionali a un pubblico che è invece avido di storie eroiche, di ardori mazziniani, magari di entusiasmi cavurriani, ma non certo di sofismi sul “popolo di schiavi” che lascerei piuttosto al signor Lamartine. Il vezzo intellettuale del problematizzare a ogni piè sospinto non fa certo vendere i libri, ed è piuttosto una fumisteria di marca oltremontana che non una virtù latina. Si veda nella “Antologia” di qualche anno fa come il Romagnosi liquidava in due paginette esemplari le castronerie di quell’Hegel che oggi in Germania va per la maggiore. Il nostro pubblico vuole ben altro. Certo non vuole una narrazione che si interrompa a ogni istante per permettere all’autore di far della filosofia spicciola, o peggio per fare del velleitario collage materico, montando due gride secentesche tra un dialogo mezzo in latino e delle tirate pseudopopolaresche che ricordano più il Bertoldo buonanima che gli eroi positivi di cui il pubblico ha fame. Fresco di lettura di quel libretto agile e saporito che è il Niccolò de’ Lapi, ho letto questo Promessi sposi con non poca fatica. Basti aprire la prima pagina e vedere quanto l’autore ci mette a entrare nel vivo delle cose, con una descrizione paesaggistica dalla sintassi irta e labirintica, tale che non si riesce a capire di che parli mentre sarebbe stato tanto più spiccio dire, che so, “una mattina, dalle parti di Lecco...”. Ma tant’è, non tutti hanno il dono di raccontare, e meno ancora hanno quello di scrivere in buon italiano. D’altra parte, non è che il libro sia privo di qualità. Ma si sappia che si farà fatica a esaurire la prima edizione. 

Proust Marcel. Alla ricerca del tempo perduto
 E senz’altro un’opera impegnativa, forse troppo lunga ma facendone una serie di pocket si può vendere. Tuttavia così non va. Ci vuole un robusto lavoro di editing: per esempio c’è da rivedere tutta la punteggiatura. I periodi sono troppo faticosi, ve ne sono alcuni che prendono un’intera pagina. Con un buon lavoro redazionale che li riduca al respiro di due tre righe ciascuno, spezzando di più, andando a capo più sovente, il lavoro migliorerebbe sicuramente. Se l’autore non ci stesse, allora meglio lasciar perdere. Così il libro è – come dire – troppo asmatico.

 Kant Immanuel. Critica della ragion pratica
 Ho fatto leggere il libro a Vittorio Saltini che mi ha detto che questo Kant non vale gran che. In ogni caso gli ho dato una scorsa, e nella nostra collanina di filosofia un libro non troppo grosso sulla morale potrebbe anche andare perché poi magari lo adottano in qualche università. Ma sta di fatto che l’editore tedesco ha detto che se lo prendiamo dobbiamo impegnarci a pubblicare non solo l’opera precedente, che è una cosa piuttosto immensa in almeno due volumi, ma anche quella che il Kant sta scrivendo, che non so bene se è sull’arte o sul giudizio. Tutte e tre le opere poi si chiamano quasi nello stesso modo, così o le si vende in cofanetto (ed è un prezzo insostenibile per il lettore) oppure in libreria le confondono l’una con l’altra e dicono “questa l’ho già letta”. Ci succede poi come con la Summa di quel domenicano che abbiamo cominciato a tradurla e poi abbiamo dovuto cedere i diritti a Marietti perché costava troppo. E c’è di più. L’agente letterario tedesco mi ha detto che bisognerebbe anche impegnarsi a pubblicare le opere minori di questo Kant, che sono una caterva di roba e c’è dentro persino qualcosa di astronomia. L’altro ieri ho tentato di telefonargli a Könisberg, per sentire se ci si poteva accordare su di un libro solo, e la donna a ore mi ha risposto che il signore non c’era e di non telefonare mai tra le cinque e le sei perché a quell’ora fa la passeggiata, né tra le tre e le quattro perché fa il sonnellino, e così via. Proprio non mi metterei nei guai con gente di quella fatta, che poi ci ritroviamo le cataste di libri in magazzino. 

Kafka Franz. Il processo
 Il libretto non è male, è giallo con certi momenti alla Hitchcock; per esempio l’omicidio finale, che avrà un suo pubblico. Però sembra che l’autore lo abbia scritto sotto censura. Cosa sono queste allusioni imprecise, questa mancanza di nomi di persone e di luoghi? E perché il protagonista va sotto processo? Chiarendo meglio questi punti, ambientando in modo più concreto, dando fatti, fatti, fatti, allora l’azione ne risulta più limpida e la suspense più sicura. Questi scrittori giovani credono di far “poesia” perché dicono “un uomo” invece di dire “il signor Tale nel posto Tale all’ora Tale”... Quindi, se si può metterci le mani, bene, altrimenti lascerei perdere. 

Joyce James. Finnegans Wake
 Per piacere, dite alla redazione di stare più attenta quando manda i libri in lettura. Io sono il lettore di inglese e mi avete mandato un libro scritto in qualche diavolo di altra lingua. Restituisco il volume in pacco a parte. 

1972 
Sinto muito, recuso ( relatório de leitura para o editor)
Diário Mínimo - 1973
Anônimo - A Bíblia.
Confesso que ao começar a ler os originais e durante as primeiras páginas fiquei entusiasmado. Tudo é ação e tem mais do que o leitor de hoje exige de uma obra de evasão: sexo (muitíssimo), com adultério, sodomia, homicídio, incesto, guerras, etc.
O episódio de Sodoma e Gomorra, com os travestis querendo violar os anjos, é digno de Rabelais. As histórias de Noé são o mais puro Emilio Salgari (popular escritor italiano 1862-1911); a fuga do Egito é uma história que, mais cedo ou mais tarde, acabará sendo filmada. Em resumo, trata-se do verdadeiro roman-fleuve   e (romance distribuído em vários tomos com os personagens presentes em diferentes obras) bem estruturado, que não economiza efeitos, pleno de imaginação, com uma dose de messianismo que agrada, sem chegar ao trágico. Mais adiante, no entanto, percebi que se trata, na verdade, de uma antologia de vários autores, com muitos, excessivos, trechos de poesia, alguns francamente lamentáveis e aborrecidos, uma choradeira sem pé nem cabeça. O resultado é um feito monstruoso que corre o risco de não agradar a ninguém por ter de tudo. Será difícil definir os direitos autorais de tão diferentes autores, a menos que o representante de todos se encarregue da tarefa. Mas nem no índice encontrei o seu nome, como se houvesse da parte dos autores interesse em manter seu nome oculto. Talvez fosse possível publicar separadamente os primeiros cinco livros. Estaríamos pisando em terra firme. Com o título: Os Desesperados do Mar Vermelho.
Homero Odisséia.
​Em particular, gostei do livro.  A história é bonita, apaixonante e cheia de aventuras. Tem tanto de amor que basta a fidelidade conjugal e as escapadas (boa a figura de Calipso, uma verdadeira devoradora de  homens), há ainda o momento "colicistítico" ( Lolita de Nabokov) com a menina Nausicaa em que  autor "diz e não diz"  tudo junto fica excitante. Contém alguns golpes de cena, como gigantes de um olho só, canibais, e até mesmo um pouco de droga, o suficiente para evitar os rigores da lei, pois tanto quanto eu sei o lótus não é proibido pela lei antidrogas. As cenas finais são o melhor dos filme de bang-bang. A luta é feroz, a cena do arco parece ter sido feita por um mestre do gênero de suspense. O que posso dizer? Lê-se em de um fôlego mais rápido que o primeiro livro (Ilíada). Na  Ilíada tudo é muito lento e a insistência de ficar imóvel em Troia não acompanha os eventos, pois depois da  terceira batalha e do décimo duelo o leitor já entende o mecanismo da narrativa. Já vimos que a história de Aquiles e Pátroclo, com uma ponta de  homossexualidade enrustida, nos deu problemas com a justiça. Neste segundo livro, isto não acontece, toda a narrativa é maravilhosamente rápida e o tom é mais calmo, bem pensado e até reflexivo.  Além disso a montagem, a retrospectiva das histórias interligadas ... Quer dizer, é um escritor de alto nível este Homero, realmente ele é muito bom. Eu até me pergunto se isso tudo de é sua própria criação. Claro, claro, é verdade que quando mais se escreve o texto melhora (quem sabe que o terceiro livro não seja um canhão), porém desconfio - e em qualquer caso darei  parecer negativo - é o caos que se seguirá em termos de direitos autorais. Falei com o Editor chefe e percebi que não sairemos desta.  Em primeiro lugar, não se encontra o autor. Aqueles que o conheciam dizem que era cansativo discutir com ele qualquer modificação, pequena que fosse, ao texto, De todo modo deve ter sido difícil discutir com ele sobre as pequenas mudanças a serem feitas no texto, porque enxerga mal com um só olho, é uma toupeira, não segue o manuscrito, e deu a impressão que não conhecia bem o texto. Citava os versos de memória, nada garante que tinha sido escrito desta forma, e é bem provável que o copista tenha interpolado alguns versos. Foi ele mesmo que escreveu ou foi apenas uma figura decorativa? Não é de todo ruim, editar tornou-se uma arte e muitos livros editados saem diretamente das mãos do editor e muitos são escritos por várias mãos, existem escritores como  Fruttero e Lucentini que escrevem a quatro mão e são um sucesso editorial. Porém este segundo livro tem muitas ambiguidades. O Editor  diz que os direitos não são de Homero é bem possível que alguns outros poetas queiram uma parte dos direitos autorais. Um agente literário grego por sua vez diz que os direitos devem ser dos rapsodos locais que fizeram um trabalho de escravo, porém não se sabe se registram seu trabalho na sociedade local de autores. 
aos recitadores locais, que praticamente teriam um emprego para "nigger", mas não se sabe se eles gravaram seu trabalho em os autores sociedade local. Um agente de Smyrna vez diz que os direitos todos ir para Homero, exceto que ele está morto e que a cidade tem o direito de confiscar o produto. Mas não é a única cidade para fazer avançar estas reivindicações. A incapacidade de determinar se e quando o nosso homem morreu, impede a utilização da lei de '43 sobre os trabalhos publicados cinquenta anos após a morte do autor. Agora ele mostra tal Callino que alega ter todos os direitos que quer com a Odyssey também vai comprar a Ilíada., Os pós epigoni e Le: e, além disso, que não valem muito, muitos dizem que não são de todo de Homero. E então, nessa série que colocá-los? Essas pessoas agora puxa a soldo e nós especular. Tentei pedir um prefácio para Aristarco da Samotrácia, que tinha autoridade, e também sabe como fazê-lo, porque ele iria colocar as coisas direito, mas é pior do que ir à noite: ele mesmo quer estabelecer, dentro do livro, o que é autêntico e que não é, por isso, fazer a edição crítica, e saúdo a circulação popular. Então é melhor deixar tudo para Ricciardi, que nos coloca vinte anos e, em seguida, faz um pouco de algo para doze mil liras e envia homenagem a gerentes de banco. Em suma, se jogarmos na aventura entramos em um atoleiro legal que não saio mais, o livro vai abaixo de zero, mas não é uma daquelas crises sexuais que então eles vendem sob a mesa, é sequestro pura e simples. Talvez em dez anos eu vou comprar Mondadori para o Oscar, mas, entretanto, o dinheiro que gastaram e não voltaram para casa imediatamente. Lamento muito, porque o livro merece. Mas não podemos, também, chegar a publicar novelas policiais . Eu, então, da minha parte acho melhor perder tudo. 


Alighieri, Dante. Divina Comédia. 
O trabalho de Dante, considerando que ele é um típico autor amador, que na vida profissional é um farmacêutico, demonstra sem dúvida um certo talento técnico e um notável trabalho de fôlego narrativo. O texto - em dialeto de Florença vulgar - se compõe de quase cem poemas com rimas de três e logo que se começa a ler fica interessante. 
Pareceu-me particularmente saboroso as descrições de astronomia e certos opiniões teológicas. A terceira parte do livro é mais fácil de se ler e mais ao gosto popular, pois diz respeito aos interesses comuns de um possível leitor que se emociona com a Salvação, a Visão Divina, a prece à Virgem. A primeira parte é obscura e fantástica, com inclusão de baixo erotismo, truculência 
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